A vida é um excerto
Fomos fiéis às nossas vontades, mas nunca fizemos o que queríamos.
Mas neste fracasso que é a vida, a concretização foi nada nos nossos actos.
Perdi as palavras, perdidas no ar, lançadas ao mar. Julguei conhecer o que dizia, julguei saber o que fazia, girei na dança tribal que também não conheço e continuei na incerteza.
Foi sempre assim. Abandonámos as ordens, quebrámos os portais e mergulhámos nas histórias que não sabemos contar.
A quem enganar? Tenho as mãos em sangue, mas não o vejo. Escorregam-me os dedos nas entranhas desse monstro que nasceu comigo e comigo morrerá. A vida é um excerto de qualquer coisa. Esquece-se de si mesma e revolta-se quando quer.
Apago o que escrevi mas fica a mancha, apago por arrependimento, dor, coerência, nada importa. Surro-me com verdadeiros sermões, revejo valores profundos e rebolo em sentimentos contraditórios, todos eles enraivecidos e decididos.
Não há companhia, não há solidão, há um imenso terror de viver sozinho e de partilhar, escondidos na ansiedade de viver, na liberdade de quem está preso…
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