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quinta-feira, março 09, 2006

Onde eu já ouvi isto ???

Censura...aqui vamos nós outra vez...

Regressamos ao período áureo da censura do Estado Novo

1ºA liberdade de imprensa em Portugal está a correr sérios perigos. E, paradoxo dos paradoxos, por iniciativa do Governo que é socialista com a bênção do PSD ou seja do partido que alterna no poder.

A operação de assalto aos computadores de dois jornalistas do jornal 24 Horas legitimada por decisão de um juiz causa calafrios e prenuncia o pior. O pretexto de investigação, no processo da Casa Pia, dos nomes das listagens telefónicas em que figuravam altas personalidades do Estado- o célebre Envelope 9- põe em causa a liberdade de informar.

Mata-se o mensageiro que deu a notícia e desculpa-se o grande erro do Ministério Público ao pedir a listagem, pela primeira vez, em suporte digital sem especificar os nomes que desejava. A investigação acaba por ser sobre a imprensa e não sobre as razões pelas quais a listagem foi parar ao processo da Casa Pia. A investigação está a ser feita ao contrário.

Mas há mais. A discussão sobre a reforma do Código Penal anuncia um novo crime para os jornalistas: “O crime de perigo”. Se um trabalho de investigação jornalística prejudicar uma investigação criminal, há “crime de perigo”. Já se vê a mordaça que se impõe ao jornalismo de investigação. Ou seja, regressamos ao período áureo da censura do Estado Novo.
O direito de informar consagrado na Constituição e documentos internacionais vai para o lixo.

A nova Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) ainda avança mais um patamar contra a liberdade de imprensa. Leia-se o artigo 53: “A ERC pode proceder a averiguações e exames em qualquer entidade ou local, no quadro da prossecução das atribuições que lhe estão cometidas, cabendo aos operadores de comunicação social alvo de supervisão facultar o acesso a todos os meios necessários para o efeito”. Está tudo claro.

E aquela norma de “proceder à identificação dos poderes de influência sobre a opinião pública, na perspectiva da defesa do pluralismo e da diversidade, podendo adoptar as medidas necessárias à sua salvaguarda”?
Assim vamos ter uma entidade-polícia a zelar pelo pluralismo. Um órgão de informação que adquira audiências de influência, já sabe o garrote que o espera.

Cabe aqui citar Sócrates no seu julgamento: “Se prometessem perdoar-me desta vez na condição de eu não voltar a dizer o que penso, dir-vos-ia: homens de Atenas, devo obedecer aos deuses e não a vós”.

José Geraldes

in: Noticias da Covilhã

1 Comentários:

At 17 de março de 2006 às 14:36, Anonymous Anónimo diz...
 

Fala o director de um jornal que, como é do conhecimento geral, é extremamente pluralista e independente. E propriedade da diocese da Guarda!
O sonho deste senhor, contam-se nos minusculos corredores do jornal (porque os pobres dos trabalhadores não têm direito a condições mínimas de trabalho nem a receber, com dignidade, um único salário a tempo e horas), é compilar os extraordinários editoriais (na maioria das vezes copiados sabe-deus-de-onde).
Este senhor (que nas últimas semanas tem andado muito preocupado com a questão da violência doméstica) escreveu, no verão, que a causa dos incêndios é, indubitavelmente, a mão de obra criminosa. É disto que este senhor é feito: muito senso comum e pouca cultura e generosidade.
Como pessoa, e embora seja padre,são mais do que muitas as histórias que demonstram o quão mentiroso e interesseiro alguém pode ser.
E como professor, sabe Deus o que se conta. Pelos vistos, o senhor padre utiliza a mesma capa de apontamentos (que dita nas aulas, literalmente) há mais de dez anos.
São os sinais do tempo. E, acima de tudo, sinais de pequenas mentes medíocres que se revestem do poder concedido por uma Santa Sé qualquer, mas que no final de contas são as piores pessoas que possamos imaginar.

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