"Queimada Viva"
Comprei-o e num ápice o devorei. Não é que o livro seja muito digestivo. Na verdade até me causou alguma azia. O conteúdo em si é pesado, mais pesado ainda por se tratar de uma história tenebrosamente verídica.
Para quem não sabe o livro é um testemunho milagrosamente vivo da atrocidade que são os crimes de honra.
Pensamos que estas histórias são de tempos idos. Hoje, com a gloalização cremos que já ninguém escraviza mulheres pelo simples facto de o serem. A virgindade deixou de ser requisito para um casamento que se queira digno para o casal. O homem já não é entendido como autoridade máxima. Cremos na igualdade de direitos, no respeito mútuo, na educação, na tolerância, na diferença, na riqueza da pluralidade de culturas, etc... Cremos e somos cegos. Cremos e por todo o mundo a nossa crença é completamente negligenciada, ilusória, motivo de risota e fatalmente escabrosa aos olhos crueis da tradição e da tirania da lei dos homens e suas arbitrariedades.
Cremos e creio que talvez um dia as crenças convencionadas possam deixar de ser dogmatizadas e seguidas cegamente sem repulsa ou mera interrogação. Creio que um dia todos os homens possam ser pessoas e possam olhar com humildade a sua condição humana e todas as mulheres possam se-lo com respeito e toda a dignidade e amor que a sua condição exige.
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